sábado, julho 11, 2009

Just a kind of magic...

"...THE ANGELS GET A BETTER VIEW OF THE CRUMBLING DIFFERENCE BETWEEN WRONG AND RIGHT..."
Counting Crows, Round Here.










"I walk in the air between the rain
through myself and back again
where?
I don't know..."




Era um fim de sexta, preguiçoso e despretencioso. Combinaram na Central do Brasil. Seria divertido, ela sabia. Gostava das piadas, do jeito direto e sem meias palavras, da vontade de abraçar o mundo, do romantismo revolucionário que sobreviveu ao segundo grau. Gostava da companhia e precisava rir, foi o determinante. Correria, e ela ia atrasada. O relógio, inclemente, ia roubando o tempo, se apoderando de seu recesso. Insistiu, afinal, era sexta!
Rio de Janeiro transbordando de gente, ainda cedo, hora do rush. Quem sai do trabalho não vai pra casa, quem sai de casa, vai pro bar. Sinuca no Baixo Méier: mesas cheias, volume alto. Fugiram. Do outro lado da rua um ambiente mais promissor, mesinhas na calçada, grades que separam mundos. Os tios, os mais velhos e/ou abastados, dentro do cercadinho em que se tranformava o passeio em dia de casa cheia e os adolescentes, os alternativos, os descapitalizados do lado de fora, curtindo a noite do mesmo jeito, se divertindo tanto quanto.
Passaram da idade de beber com os meninos. Sentados em cadeiras entalhadas em madeira, mesinhas decoradas e convidativas, garçons atenciosos e solícitos, bebida gelada e sossego, viajaram: Psicologia da Educação, velhos conhecidos, Vigiar e Punir, Turismo, novas tecnologias, demonização da cartilha de alfabetização, não-demonização do Zé Dirceu, o PT, o PDT, a ANEL e a tiragem de delegados nos botecos (como entendem disso!). Algumas cervejas depois, uma aparição. Um rostinho branco flutuava entre as grades que dividiam crianças e adultos. Uma fadinha branca e sorridente, de rabo de cavalo e roupa preta, camuflada na escuridão. Um olhar vivo, queixo altivo, discurso fácil. Bem humorada, bem articulada, com uma long neck na mão deixa a mulher completamente encantada. A fadinha se pendura na grade, diz que a conhece e sorri pro rapaz. Eles trocam olhares cúmplices e palavras carinhosas. Sentada ao lado dele, ela procura lembrar daquele projeto de elfo e se vê num espelho, visitada por seu eu de quinze anos atrás. Lembranças boas afloram e ele percebe. A garotinha vai embora, deixando-o com a missão de explicar quem ela é.
Ele não se furta, diz o que é a fada que acabou de deixá-la encantada... Enquanto esperam juntos por sua revolução de Academia, com vinho caro e cargos de Ministério, com seu marxismo de boutique e o ar blasé de quem acha que já contribuiu para mudar o mundo, aquele ser que parece mágico mora num abrigo público, tem 17 anos, foi abandonada pela mãe e ainda acredita que o mundo vai mudar. E ainda briga, com a fé que é só das crianças, para que o mundo seja justo, no final. Com a fé que eles já tiveram. Com a fé que essas criaturas de outras realidades inspiram.



playlist

Counting Crows
U2 (era pré messiânica)
Pearl Jam
Sound Garden
Keane
ColdPlay







*mudando*

2 comentários:

Lubi disse...

eu quero ir pro Rio.
agora.

+ Camila + disse...

Tem um colchonete sobrando por aí??? tô precisando me jogar em algum lugar e ficar ali, protegida. Saudade absurda de vc, querida!! Vou escrever. Juro. Beijos.