quarta-feira, agosto 25, 2010

"...AND I WONDER IF I EVER CROSS YOUR MIND. FOR ME IT HAPPENS ALL THE TIME..."
Lady Antebellum, Need You Now.







"...another shot of whisky
can't stop looking at the door
whishing you'd come sweeping
in the way you did before
and I wonder if I ever cross your mind
for me it happens all the time
it's a quarter after one I'm a little drunk
and I need you now..."





Não é por mal, mas imaginar o quanto ele não confiava fez com que toda sua auto confiança fosse embora. E ela percebeu a diferença entre os dois, o que os distinguia: eram os melhores amigos, gostavam de muitas coisas parecidas, mas ela sequer imaginava a possibilidade de ser traída por ele, em qualquer sentido. Ele, pelo contrário, era cínico e isso começava a minar a segurança dela. Ela queria uma história nova, e se moveu de um jeito que o deixou perplexo: desistiu de agradá-lo. A pessoa nova qu emergiu das desconfianças dele também a surpreendeu, e ela se viu mais leve.








*sem mais*

sábado, agosto 07, 2010

"...THIS FELL IS SO INTENSE, SOMETIMES IT CAN LEAD YOU BLIND..."
James Morrison, Save Yourself.









"...oh!, and if you stay with me
honestly it's what I want
but if you stay with me
I know I'll hurt you more..."






Ganhou, de presente, tanto no que pensar que a noite que prometia ser mal dormida passou a não dormida, de uma vez só. O excesso de sinceridade dele derramou verdades inconvenientes em seu fim de dia. Os sentimentos presos no peito e os pensamentos vagando soltos por todo lugar, tentando alcançá-lo, sem encontrar, pretendendo consolá-lo, sem saber como se consolar. A cama ficou maior e o quarto mais frio, a noite ficou mais escura e a sensação de se afogar no negrume que anuviava sua mente era quase palpável. Sabia não haver respostas prontas, ou motivo para buscá-las, mas não conseguiu deixar de tentar.
Lembrava as longas horas de conversa, a descontração natural, a rapidez com que a vida se desenrolou. Grandes amigos, bons companheiros, parceiros de jornada: o amor romântico não tinha lugar e, até descobrirem o grande engano, tudo corria sem tropeços. Mas nada permanece escondido por muito tempo, sem que esperassem o problema foi parar em suas portas. A vontade de ficar mais perto, de tocar, de falar todo o tempo, o desejo sendo disfarçado de cuidado. A inspiração se esvaiu, dando lugar a uma sutil melancolia. Ela estava perdida, sabia, e sentia que, do outro lado de seu mundo, ele também estaria.
Rolou pela cama, sem encontrar conforto em qualquer posição, esticou o braço e tocou o telefone celular mais de uma vez. Sabia que ele também não conseguiria dormir, mas perdeu a coragem de ligar - nunca antes tivera dúvidas sobre chamá-lo, a hora que fosse. Decidiu levantar e abrir as janelas, contemplar a noite e sentir o frio, torcendo para o sono chegar. Sem perceber, viu o céu clareando aos primeiros raios de sol. O corpo gelado pelo ar da madrugada que ia entrando pela janela, entorpecido pelo frio, pedia o aconchego da cama, dos cobertores, mas a cabeça não parava, era impossível relaxar! Saiu do quarto e foi fazer um café, torcendo para a bebida lhe aquecer e levar embora todo o medo que a noite nao permitiu sair.




playlist


Ne-Yo
James Morrison
Justin Timberlake
The Underdog Project
Jamie Cullum




*we're gonna celebrate as much as we can*

domingo, julho 25, 2010

"...LET ME OUT OR LET ME IN"
Ben's Brother, Let Me Out.








"...and tell me how we can win
'cause I really wanna know now
before I begin to let you go
to let you go, so let me know..."





Perco a objetividade, no marrom dos teus olhos
Intensos
Perco a intensidade, perto das tuas palavras
Densas
Perco densidade no calor do teu abraço
Derreto
No teu peito
Desfaço
Dissimulo
Disfarço
Uso tudo o que conheço
Para esconder o brilho dos meus olhos
Janelas
Passagem para um peito que te recebe
Aberto
Inseguro dos encantos que possui




playlist

Ben's Brother - Let Me Out
Gwen Stefani - 4 In The Morning
Matchbox Twenty - Push
Stereophonics - Have A Nice Day
Eddie Vedder - Guaranteed



*so I can breathe*

quarta-feira, julho 07, 2010

"...I'D BEG, I'D STEAL, I'D DIE TO HAVE YOU IN THESE ARMS TONIGHT..."
Bon Jovi, In These Arms.








...these were our words
our words were our songs
our songs are our prayers
these prayers keep me strong
and I'd still believe
if you were in these arms...






Me derramo em sentimentos e sentidos, mesmo ao sentir o quase nada que tua ausência traz. Meus ouvidos acostumaram-se com a tua voz ao telefone, com a preocupação velada, com a satisfação de me perceber animada. Minha vaidade acostumou-se com tua atenção, com tuas gentilezas, com seu sorriso franco. Meus olhos acostumaram-se aos teus, atentos, tentando decifrar quem sou ao observar o que faço. Sou um corpo acostumado com tuas mãos, com teu peso, com o calor da tua pele. Minhas vontades acostumaram-se a ser saciadas pela materialização do teu desejo e já não sou, quando você não está. Meu medo acostumou-se com tua mão a segurar na minha, porto seguro, quando está escuro, quando o lugar é alto, quando a vida pede mais do que penso ser capaz de dar. Meu ímpeto acostumou-se ao teu bom senso e meu ar voluntarioso se curva aos teus conselhos. Minha vida acostumou-se a confundir-se com a tua, a embolar-se, confusa, numa rede de nós. Você se acostumou a ser o preferido, aquele escolhido, irmão, amante e amigo. E eu me acostumei a ser nós dois.





playlist

All About Lovin' You - Bon Jovi
Misunderstood - Bon Jovi
I'll Be There For You - Bon Jovi
She - Elvis Costello
Bed Of Roses - Bon Jovi
Livin' On A Prayer - Bon Jovi
Miracle - Bon Jovi



*it's all about lovin' you*

terça-feira, junho 15, 2010

"...I CAN'T FIX WHAT YOU BROKE..."
Gwen Stefani, Early Winter.





"...it's said the map of the world is on you
the moon gravitates around you
the seasons escape you
and I always was, always was one for cryin'
I always was one for tears
no I never was, I never was one for lyin'
you lied to me all these years..."




Em instantes... Não leva mais que alguns instantes para que ela processe as informações: ele se foi, volta logo, segundo a mensagem que brilha na tela do computador, alguns dias. O hiato formado pela sua ausência, já não tão sentida, comprova a tese de alguns amigos: já não faz mais tanta diferença. O telefone toca e alguém solicita sua presença, uma festa com rostos conhecidos, comida boa, música agradável e toda bebida que se puder consumir. O lugar onde ele não gostaria de vê-la, o lugar onde ela queria estar!
O melhor amigo esperando no carro, a expectativa. Sentimentos aflorados: frustração, saudades e raiva por sentir-se tão vulnerável. Ao entrar no carro, outro mundo: sorrisos, abraços, ternura. Ele espera algo mais, ela não sabe o que esperar. Decide deixar o mundo girar, vai saber o que virá...?
Sons, sabores, odores. As cores da noite misturadas a luzes, clima e vontades. Antes de ceder, ela pondera. Imagina as impressões do mundo, espera. Pensa as possibilidades, o destino da amizade, o que pode ser de verdade e lembra das noites solitárias, dos dias improdutivos, do stress cotidiano. Não há o que perder. Encontra um sorriso acolhedor, um abraço protetor, carinho e uma entrega que há muito não sabia existir. Esquece os problemas pra resolver, o restante do que tem pra viver, inspira fundo e se joga.
O dia começa com os dois entrelaçados, mãos dadas, nascer do sol. Um pouco a mais de álcool, muito mais de emoção. Um não saber o que fazer, um bem querer, uma história pra esquecer. Ela precisa se decidir, não sabe o que há de vir. Vai viver, e pensar, amanhã!




Playlist

Gwen Stefani - Early Winter
Panic! At The Disco - New Perspective
MatchBox 20 - Push
GooGooDolls - High & Dry


*confuse*

sábado, abril 10, 2010

"...I FOUND OUT THAT LOVE WAS MORE THAN JUST A GAME..."
Gary Moore, Still Got The Blues.







"...you're playing to win
but you loose just the same
so long, it was so long ago
but I've still got the blues for you..."




Teve saudades de casa, e do colo da mãe. Viajou algumas horas sob um céu nublado que lhe lembrava algum momento, por mais que não conseguisse precisar qual era. Novos amigos, velhos conhecidos, concentrados no mesmo espaço. Estacionou o carro, beijou a irmã na testa, jogou as chaves pra ela e caminhou pelas ruas da infância. Um chuvisco começou a cair e já estava meio longe da casa materna, mas dentro dos limites do que lhe era familiar. Passou por uma rua que vinha evitando há anos, para cortar caminho, e, como atraído por um imã, ele apareceu: guiando o mesmo carro, mas o modelo do ano, impaciente com o controle do portão, como sempre.
O ar ficou mais pesado, por pouco segundos, e ele partiu. Ela tinha certeza de não ter sido percebida, até que o carro parou, um pouco à frente.

- Oi! Quase não te reconheci, menina!
- Olá... - ela estava entre o ódio de si mesma e a raiva dele, por ter resolvido parar.
- Entre, não estou fazendo nada, mesmo. Te dou uma carona. Você está meio longe de casa, não é?
- Centenas de quilômetros, pra ser sincera, mas meu carro está na garagem da minha mãe.
- Tão longe? Acho que devo ter passado tanto tempo fora que nem tive tempo em reparar nos detalhes do dia a dia corrido daqui, não é? Jurava que você não teria deixado sua mãe... - um sorriso iluminou aquele rosto e ela lembrou.


Era outono, em Londres. O final desastroso para a viagem que lhes devia ter salvo uma relação cheia de tropeços, com um início de conto de fadas e um fim tão anunciado quanto real, duro... Afastando os pensamentos, decidiu ceder a qualquer menor provocação. Iria dizer tudo o que viera entalado, desde o Velho Continente!


- ... e você nem ouviu o que eu disse! A mania de não me dar atenção permanece ou será que dessa vez eu posso ter esperanças em ocupar um espaço maior? - muito mais rápido do que ela pensou!
- Olha, preciso ir... - ainda tentou ser civilizada...
- Fugindo, como da última vez!
- Fugindo do quê? - a linha tênue. O limite - Quem você é? O que você representa para que eu precise fugir?


Ele não esperava reação tão contundente. Nem ela, que fez menção de sair do carro, ele a deteve.


- Você jogou fora um monte de coisas. Planos! Meus, seus... Nossa casa, nossas coisas, nosso casamento! Fugiu, sim... Eu ainda consigo te ver me dando as costas naquele aeroporto! O dia era como hoje, com um oceano de distância! Como a vida é irônica, não é? Essa cidade quente, ensolarada, vestida de chuva só pra nos brindar? - ele não entendeu e ela estava tentada a explicar, anos depois.
- Sua casa! Suas coisas! Seu casamento! Eu tive uma participação muito pequena nisso tudo! Na verdade eu fui muito mais uma questão logística do que uma paixão avassaladora! Você precisava de uma desculpa pra sair de casa. Inventou um casamento! Ignorando coisas como maturidade ou sentimentos alheios, você precisava de uma desculpa para seguir com seu mundo perfeito. Era uma chance em um milhão: uma esposa que tinha potencial pra ser perfeita, já que a certeza era impossível, que conhecia e contava com a simpatia da sua mãe, que poderia viver a sua fantasia de relação ideal. Alguém que iria se dispor a anular qualquer traço de vontade própria para agradá-lo. Alguém que conseguisse passar por cima de solidão e falta de atenção por uma ou duas viagens à Europa por ano! - ela não iria poupá-lo, como da última vez - Mas você errou! ERROU! Diferente dos êxitos com que se acostumou, você errou, feio! Eu seria capaz de anular minha vontade, mas não de passar por cima de qualquer coisa.


Ele ligou o carro. Guiou a esmo. Os dois, calados. A tensão nos olhos, a impaciência nas mãos que seguravam o volante. Ela pediu a ele para parar. A intensidade da chuva cada vez maior, como que refletindo os espíritos dentro do carro. Ele continuou a guiar, estava tonto, queria respostas, achava que ela devia algo.


- Você foi embora sem grandes explicações... Eu fiquei lá, sem poder falar e sem nada o que ouvir!
- A única grande explicação que você me ofereceu para o passo que demos era mentira!
- É você quem está dizendo! Como em Heathrow, não me dá chances para explicar... - foi a vez dela interrompê-lo.
- Chances!?!? Eu viajei até o outro lado do mundo pra tentar dar uma chance àquela mentira! Horas sentada ao seu lado, dentro de um avião, com tanta comunicação que podia ser um chinês desconhecido ao meu lado! Daria na mesma! Mais de vinte dias em outro continente e você, muito pouco convincente! Nenhum relacionamento resiste ao cinismo!
-Nenhum relaconamento resiste a filhos! Você tem o exemplo dos nossos pais! Só conveniência! Eles deixaram de ser marido e mulher desde quando tiveram filhos... os meus pais, os seus pais! O que te leva a crer que seria diferente com a gente? - ele foi direto ao ponto.
- Nenhum relacionamento resiste a um aborto! Principalmente quando alguém faz uma festa de comemoração enquanto há um bebê morto e uma mulher internada! E não me diga que eram negócios aquele monte de copos de wisky espalhados pela minha... sua sala de estar! Não era isso que os vizinhos diziam quando cheguei em casa, no dia seguinte, e eles achavam que você tinha passado a noite comemorando a volta da sua família pra casa! - sentiu o amargor na ponta da língua.
- Não foi culpa minha! Nem sua! Foi um tombo normal, sem grandes consequências se você não estivesse grávida! Não foi culpa minha...
- Você comemorou! Você não teve o respeito de ir comemorar fora da minha casa! - ela estava beirando a histeria.
- Não nego que eu não quisesse, eu não queria, não pedi aquilo! Mas você estava feliz, era o suficiente pra mim. Eu tinha medo, claro. Foi um início difícil, mas não fui eu quem te fez cair. Não foi culpa de ninguém. E eu não torci pra que você perdesse a criança!
- Você comemorou!!! - ela gritava.
- Você foi embora, eu não pude tentar...
- Eu passei vinte dias com você em Londres e você não tocou no assunto uma só vez. O primeiro mês sem ele. Você não tentou me consolar, você nem consegue dizer que era seu filho! Você me arrastou por todas as galerias, castelos e museus do Reino Unido, sem me dar chance para respirar!
- Era minha forma de fazer as coisas... E de me desculpar pela bagunça em casa, quando você chegou do hospital...
- Não me convenceu... Nem lá, nem aqui. E não me importa quantos anos se passem, eu não vou ser convencida das suas boas intenções! - dura, ela percebeu que a chuva havia arrefecido - Deixe-me descer do seu carro e volte para a sua vida. Eu não vou lembrar que te encontrei, não vou me torturar por isso. Apague esses poucos minutos, você bem sabe que é capaz!
- Você ainda é minha mulher. Depois de anos, ainda é assim. A lei ainda te reconhece assim. E eu não consegui ocupar esse espaço. Não estou te pedindo para voltar... Você não vai entender... Nós ainda somos um... Nem tomamos as precauções legais para desfazer os laços, isso deve ter algum significado!
- Claro! Significa que nem para me livrar do seu nome eu estava disposta a encontrá-lo. E que, pelo menos, vergonha você deve ter sentido, pra me fazer o favor de não me procurar! Pare o carro!


Ele foi parando, até que ela percebesse estar no portão da mãe.


- Eu não vou deixar você ir. Não dessa vez! - ele parecia decidido.
- Eu já fui! - Ela saiu, batendo a porta do carro. Entrou em casa, até a sala de estar. Pegou as chaves do seu carro e saiu, sem falar com ninguém.

Chorou por todos os quilômetros de volta. Cada um deles. Deixou o celular tocar um sem número de vezes. Mandou uma mensagem de texto breve para a irmã, avisando que estava tudo bem e que havia retornado para atender uma emergência. Sequer guardou o carro na garagem: largou o veículo estacionado em frente ao portão e entrou, se jogou no sofá da sala, sem lágrimas, até adormecer. Sonhou com ele, acordou assustada. Não conseguia esquecer seus olhos, não podia esquecer que ele queria se explicar... Voltou a adormecer, com os olhos dele no pensamento...





playlist



Zélia Duncan - Tudo Sobre Você
Ana Carolina - Dois Bicudos
Engenheiros do Hawaii - Eu Que Não Amo Você
Isabela Taviani - Foto Polaroid
Nando Reis - Sim





*em partes*

terça-feira, abril 06, 2010

"...LOVERS ALWAYS COME AND LOVERS ALWAYS GO..."
Guns 'N Roses, November Rain.








"...and no one's really sure
who's letting go today walking away
if I could take the time
to lay it all in the line
I could rest my head
just knowing that you were mine..."




Vestiu a fantasia de vítima para escrever frases comoventes. Não deu certo. A imagem dele se fez presente em sua lembrança, e tudo o que pôde fazer foi sorrir. Lembrar do porte que sempre lhe tira o fôlego, dos ombros que carregam se peso, sempre que lhe pede, só podiam se traduzir em felicidade instantânea, miojo pra alma. Recordou o sorriso imperfeito, o mais belo que existe, e o peito acelerou! Se ele pudesse vê-la naquele momento...
A face corada pelos bons pensamentos, ondas de prazer inundando o corpo, o espírito leve. Sonhou acordada e esqueceu seus escritos. Não sabia de mais nada que não fosse a contemplação mental daquele que era seu sonho, e sua realidade. Tinha uma encomenda, um texto soturno, um lamento, para ser entregue naquela tarde. Abriu a janela e inspirou o ar limpo, frio, pegou o telefone e ligou para o editor. Confessou sua incapacidade de ser infeliz e a impossibildade de entregar o pedido. Nem um abalo, sequer, com as queixas e imprecações do amigo. Resolveu desligar, antes que ele começasse a questionar toda sua felicidade, foi pra rua, assoviando uma canção de amor.



playlist

Counting Crows
Maroon Five
Matchbox Twenty
James Morrison



*(in)love*

domingo, março 21, 2010


"...SEEMS LIKE I SHOULD BE GETTING SOMEWHERE..."
Soul Asylum, Runaway Train.












"...so tired that I couldn't even sleep
So many secrets I couldn't keep
promised myself I wouldn't even weep
one more promise I can't keep..."




Precisava de uma fotografia bonita, onde não estivesse qualquer vestígio de mim. Não fui capaz. O deserto do fundo do peito traduzido na areia retratada na foto, os dois tão próximos que mal sentem a presença do outro - já virou rotina. São sempre impressões, mas minhas letras, meus sons, minhas imagens são exatamente isso: MINHAS. Apropriações indébitas, tomadas de quem nem me conhece. Referências que me desnudam e, quando quer, você consegue enxergar. Como um aparelho de raio X seu olhar me trespassa, focando só os pequenos pontos que te interessam, quando passam a interessar. Queria uma fotografia, uma música e letras que não falassem de mim, mas como? Sou toda centrada em meu próprio umbigo, tão transparente que, mesmo o que não sei, sei só de mim...
São feitos de impressões, esses dias. Só aquilo que se pode pinçar de um olhar, uma palavra mais dura, do cansaço que tenho esboçado nos últimos tempos. E é verdade, cansaço. Aquele que a gente não consegue combater sem se dar o tempo necessário para repôr as forças, o que não se resolve quando estamos agitados, nos debatendo, naquilo de que os afogados morrem: o desespero pela salvação. O cansaço me levou longe, e nem seu brilho é capaz de iluminar as vielas sujas por onde nos enveredamos. A flor murchou, as cores desvaneceram, as dores tem muito mais destaque e nós, somos e estamos, em segundo plano.



playlist:


Céu
Ana Carolina
Isabela Taviani
Arnaldo Antunes
Frejat
Lô Borges



*until you go*

sábado, março 13, 2010

"AND THE HARDEST PART WAS LETTING GO AND NOT TAKING PART..."
Coldplay, The Hardest Part.











"...I could feel it go down
you left the sweetest taste in my mouth
your silver linnig the clouds
oh I, I wonder what it's all about..."





As escolhas... Escolhi Coldplay por você, e pelo show primoroso da tour que passou pelo meu Rio de Janeiro. Me encantei, definitivamente, quando você casualmente disse o nome do Chris Martin, falou da simpatia dele e disse, meio sem querer, que é fã. Escolhi a banda, também, pelo que certos pedacinhos de "the hardest part" me dizem sobre o que fui, por esses dias. Claro que antes foi o estranhamento. Admita, você é diferente e eu, ah, eu sou ridiculamente preconceituosa... Na sua testa estava escrito PAGODE, não dava (nada pessoal...). Verdade que isso não se reflete nas suas roupas (ou quase), mas covenhamos: o lugar, as companhias... só que quem, diabos!, sou eu pra julgar? Errei feio, confesso!
E não foi só pelo Chris Martin, viu? Você ajudou. Bastante. A conversa fácil, o charme, o bom humor que consegue quebrar até o meu gelo e a maior cara de pau que eu já vi na face da Terra! Quer dizer, a gente vê todo dia gente que nem o Sarney e o Renan Calheiros, mas a sua cara de pau é menos ultrajante, muito mais fascinante. Bem que eu tentei resistir, claro. E eu quase sempre tenho sucesso. Sabe que os rapazes não vão me perdoar por essa? Já estou ouvindo os comentários sobre como minha opinião mudou, e já estou rindo deles, bolando respostas espirituosas e mandando todos pro inferno, por pensamento e só pra me divertir!
Não entendi como o telefone tocou na manhã seguinte. Pra ser muito sincera eu nem sabia que já era manhã, mas momentos antes estava me prometendo, em sonho, nunca mais beber o que quer que tivesse álcool. Sabia que viria uma baita ressaca moral, muito maior do que a dor de cabeça que começava a me despertar antes mesmo do seu telefonema. Enfrentei o dia seguinte com uma sensação estranha, reflexo da noite anterior. Acho que foi medo, admito que foi!, mas se você contar pra alguém, desminto!
Preciso admitir mais uma coisa: nada do que eu pensasse iria me preparar para os dias seguintes. Muito menos pra hoje! Seu jeito de falar as coisas, meio que hesitando por perceber meu desconforto, as horas que escolhe para falar, os convites, o riso, o parecer estar se divertindo com nossa falta de jeito mútua... Não queria dizer nada, mas os rapazes tinham razão. Só eu não quis acreditar...





playlist


Coldplay
Keane
The Killers
The Hives
Guns
Cinderella
A sua voz...




*full circle*