sábado, junho 27, 2009

"...YOU ROCKED MY WORLD, YOU KNOW YOU DID..."
Michael Jackson em You Rock My World




"...in time I knew that love would bring

this happiness to me

I tried to keep my sanity

I waited patiently..."

Recebeu o recado dele antes do almoço, mas não havia tempo pra pensar. Vestiu black jeans, uma regata e um par de botas para enfrentar a chuva do lado de fora. Gloss nos lábios e uma máscara para os cílios: precisava ser prático, precisava ser rápido! Pegou um trench coat para vencer o frio e a mochila com seu kit de emergências acadêmicas. Correu para o ponto de ônibus sem olhar para o relógio, já estava atrasada.
Terminara a prova e eram doze andares até o térreo do bloco. Saiu da faculdade disposta a percorrer a pé os dois quilômetros que a separavam do ginásio, uma distância longa demais, antes de conhecê-lo. Entrou pelo estacionamento, já que ele não atendeu ao telefone, e foi certificar-se de que o carro parado na vaga marcada era o que procurava - era tão desligada que sequer lembrava a cor do carro dele, era verde ou azul, dependia do tempo no dia, quanto à placa, nem ousava querer lembrar...
Ela parou à porta do ginásio, ele não percebeu sua presença. Testosterona por toda parte, eles se estranhavam na quadra. Hipnotizada pelos músculos tensos dele, dentro do uniforme, ela mal se deu conta da pausa no jogo. Perdida em pensamentos distantes, foi acordada pelo toque das mãos dele, em sua cintura, pela corrente elétrica que a percorria, quando ele se aproximava. Ele a virou de frente e deu-lhe um beijo terno na testa, tratando de mantê-la longe de seu corpo suado. Ela o abraçou despreocupadamente, colando o rosto ao seu peito e sentindo as batidas aceleradas de seu coração.
Não havia passado uma hora, quando ele sugere que vão embora e ela aceita, sorridente, indo arrumar suas coisas no carro. Não demora e ele aparece, cabelos molhados, mochila na mão, bata branca e uma sandália que ela adora, uma calça clara e um sorriso de iluminar o mundo. Ele abre a porta para ela, e toma o assento do motorista. Seguem em direção ao seu restaurante preferido, música suave e ela tentando convencê-lo a participar do almoço de aniversário de um dos seus patrocinadores. Antes de chegarem ao destino ele já está convencido e promete ir, pois quer agradá-la com o gesto de boa vontade.
Ele a surpreende pedindo dois drinks antes do jantar - ele nunca consome álcool - e escolhem o que vão comer. Ele parece ansioso, pede mais dois coquetéis, depois do prato principal, e levanta da mesa alegando precisar do telefone que ficou no carro. Numa curiosa coincidência, enquanto ele sai, o rapaz no piano passa a tocar a música dos dois e ela vai terminando o coquetel. Ele volta: flores vermelhas e uma caixinha com um anel de brilhantes. Ele a observa, ela se reconhece naqueles olhos encantadores e os dois saem apressados, a sobremesa os aguardava em alguma parte do apartamento dele...



playlist MJ

You Rock My World
Liberian Girl
The Girl Is Mine
I Just Can't Stop Loving You
The Way You Make Me Feel
Remember The Time



*a wow day*

sábado, junho 20, 2009

"...SHE SAID SHE'D LIKE TO MEET A BOY WHO LOOKS LIKE ELVIS..."
Counting Crows em Round Here





"...she walks along the edge
of where the ocean meets the land
just like she's walking on a wire
in the circus..."





Minutos após a aeronave tocar o solo ela tentava se conectar novamente a seu mundo, não tinha o costume de se angustiar com pousos e decolagens, como era comum a tanta gente. Sua angústia era adentrar o salão de desembarque e olhar para fora do vidro, encontrar algumas dezenas de olhares esperançosos e perceber que, novamente, tomaria um táxi até o portão de casa.
Não costumava carregar muito mais do que uma mala e alguma bagagem de mão, reflexo da vontade sempre latente de voltar - não queria deixar a cidade com a sensação de que poderia ficar tempo demais fora. Mais uma vez recorreu ao rapaz que organizava a fila do transporte, queria sair logo, o clima de boas vindas do aeroporto a deprimia. Além de tudo, estava cansada: antevia a longa viagem com os congestionamentos de sua Cidade Maravilhosa.
Entrou no automóvel de forma mecânica e sem muito entusiasmo com o condutor que tentava ser simpático perguntando pela viagem. Lembrou que viajantes solitários sempre lhe despertaram, também, uma certa compaixão e não foi de todo seca, mas na primeira oportunidade abriu um livro para ter no que se concentrar. Odiava o pobre do Focault, mais pela obrigatoriedade da leitura do que pela chatice de alguma de suas obras, mas era tudo o que podia ser feito pra manter o moço simpático calado, e seria um longo caminho.
Ela deu algumas instruções ao motorista quando chegaram ao bairro destino e agradeceu o fim da jornada. O porteiro, solícito, levou as malas à porta do apartamento, falando da satisfação de vê-la de volta, tagarelou até que tivessem vencido os tantos andares que a permitiriam ficar só com suas lembranças. Abriu a porta e se espantou com a profusão de flores em um arranjo quase maior que ela, no meio da sala de estar - sorriu aliviada: não podia ser coisa da empresa. Procurou uma pista qualquer sobre o remetente, prevendo o óbvio, e se encantou com o cartão. O 'Eu Te Amo' ainda tímido, escondido entre um monte de palavras, nada típico de quem já passara dos mil e quinhentos dias, mas marca indelével do que ela queria encontrar, embora parecesse já ter perdido as esperanças. O celular tocando dentro da bolsa era a prova de que ele controlava o tempo, sempre sabia o momento exato, de alguma forma. Suspirou e atendeu: voltar pra casa é colocar os dois pés no chão, das mais diversas maneiras.



playlist

Ana Carolina
Fernanda Porto
Isabela Taviani
Nando Reis
Adriana Calcanhoto






*de acreditar*

terça-feira, junho 16, 2009

"...JÁ NÃO TENHO ESCOLHA: PARTICIPO DO SEU JOGO..."
Capital Inicial em Fogo




"...não consigo dizer se é bom ou mal
assim como o ar me parece vital
onde quer que eu vá, o que quer que eu faça
sem você não tem graça..."


Foi convencida pelos argumentos irrefutáveis dele. A viagem em busca de um inverno autêntico, com temperaturas negativas e flocos brancos na janela, pareceu atraente. Deixar pra trás a indecisão da estação nos trópicos, também: tinha cansado de escolher correndo a roupa para usar em dias que começavam quentes e, não raro, terminavam com um dígito nos termômetros. Decidiu esquecer da chuvinha chata para viver as tempestades, a neve, o gelo que se pode sentir nos ossos, por alguns dias, ao menos.
Pensaram logo num chalé em uma cidade pequena, com pouca gente em volta e muito tempo pra aprender com os silêncios do outro. Na bagagem alguns livros, vinhos, problemas de som e imagem resolvidos e telefones que não seriam utilizados. Um bosque em volta da casa e o sol tímido que viria só para começar a derreter o gelo da noite.
Chegaram em meio à bruma, final de madrugada, excitados com a perspectiva do descanso e do conhecimento mútuo. Ele se livrou das malas tiradas do carro e acendeu a lareira, ela espalhou incenso pelo chalé e serviu duas taças grandes de vinho. Ficaram largados juntos, no sofá, enquanto o rádio misturava música suave com notícias sobre o tempo. Não tardava o alvorecer quando descobriram os corpos em ritmo par e as boas vindas dadas pelas nuvens que se abriam descortinando uma claridade suave que, refletida na neve, entrava aos poucos pelas janelas cerradas e se derrameva pela sala de estar. Ela abriu os olhos quando ele virou-se de bruços, enlaçando-a com um braço por cima de seu torso. Alguns pássaros cantavam uma melodia distante e, quase em transe, ela agradeceu ter cedido tão facilmente.





playlist

Snow Patrol
The Killers
Travis
Keane
Better Than Ezra
Blur





*viagens*

terça-feira, junho 09, 2009

"...QUANDO EU ESTIVER FOGO, SUAVEMENTE SE ENCAIXE..."
Skank em Sutilmente







"...e quando eu estiver triste
simplesmente me abrace
e quando eu estiver louco
subitamente se afaste
e quando eu estiver bobo
sutilmente disfarce..."




São tão afins que transformam qualquer tema em texto leve. Sentadas, entre uma taça de vinho e outra, falavam de feridas, das de cicatrização rápida e quase imperceptíveis e daquelas que deixam marcas do tamanho do mundo, visíveis ou não. Uma compenetrada e sensível, a outra debochada e mordaz, uma transparente, a outra expansiva. Duas mulheres fortes, sem dúvida, mas uma esconde si a força que tem, a outra mostra o que o mundo quer que ela seja. Complementos, variações do mesmo tema, não sei...
Trocam impressões enquanto a noite avança, finalizam a garrafa e pedem o jantar. Riem dos pequenos medos conjuntos - um tipo de senso comum do amor romântico - , se agitam ao lembrar embates passados e dores póstumas. Tão diferentes, uma delas exibe orgulhosamente suas cicatrizes de batalha, experiências que lhe mostraram o que não fazer, fala até do medo de avião - resultado de voltar pra casa e sempre encontrar o aeroporto vazio. A outra se fecha, não se expõe, absorve a narrativa da ruivinha que se mostra do outro lado da mesa, mas não se encoraja: lembrar dói...
Sentidos apurados, outra garrafa, ânimos descontraídos, o restaurante começa a ficar cheio. Mudam de assunto. Com sorrisos cúmplices sinalizam, uma pra outra, que são observadas. Tomam o cuidado de não cruzar olhares com os rapazes na outra mesa e não encorajar uma aproximação desastrosa. A conversa segue seu rumo até que uma presença forte pode ser sentida: ele se aproxima e sorri, cumprimenta a amiga e observa a namorada. Antes de beijá-la reprova a garrafa quase vazia em cima da mesa, sem desconfiar ser a segunda. Fala sobre o dia e os três se divertem com os causos que ele conta. As moças absorvem suas palavras, mas sua menina parece longe, a lhe admirar. A outra entende que a conversa do início da noite está surtindo efeito - vê nos olhos da amiga - e se satisfaz, já que ela não se deixa abater.
Dois cafés, três garrafas de água, sorrisos e despedidas. O rapaz bonito continua intrigado com a expressão da sua menina - ela não mudou em um milímetro o olhar de adoração - e a amiga leu fácil o 'eu te amo' que ela, sem palavras, dizia a ele. Resolveu deixá-los a sós, agradecendo pela capacidade que temos para entender as adversidades. No saldo da noite fica a compreensão, maior que nunca, do significado das cicatrizes e a prova da existência do amor incondicional, já que esse mesmo rapaz bonito e tão amado é a razão daquele medo de avião manifestado pela ruivinha, lá no início.



playlist

The Corrs
Pretenders
Alicia Keys
Joss Stone
Norah Jones
Marienne Faithfull


*.*

quarta-feira, junho 03, 2009

"... WELL MAYBE I'M IN LOVE..."
Counting Crows em Accidentally In Love










"... how much longer will it take to cure this
just to cure it cause I can't ignore it if it's love
makes me wanna turn around and face me but I don't know nothing 'bout love..."





O clima de uma cidade que não é a sua domina o ambiente. O caminhar pela rua molhada, depois da chuvinha fina e insistente, é pontuado por seu olhar de admiração: a cidade fica realmente bonita, nesse outono-quase-inverno. As pessoas estão desconfortáveis - cariocas, geralmente, perdem a identidade sem o sol e o calor inclemente do verão dos trópicos. Ela gosta da sensação de ter a pontinha do nariz gelando, de ver as ruas quase desertas e ainda não são nove da noite. 
Seus passos são firmes e não demora cruzar os portões de casa. Odores familiares e o ar morno no interior do apartamento fechado dão as boas vindas, aconchego e uma pequena pontada de solidão. Ela joga a mochila com o notebook sobre o sofá, vai até a cozinha e descarrega o conteúdo das sacolas que trouxe nas mãos: uma garrafa de vinho tinto, queijos, frutas vermelhas, pão italiano e creme de leite fresco. Livra-se das botas e se serve de uma taça da garrafa que acabou de chegar. Os últimos vestígios do quase-inverno deixam seu corpo, ao sabor do pinot-noir. Tempera a cena com Counting Crows no CD player e pimenta branca e queijo ralado no sanduíche.
Ao passo que prepara o banho quente, afoga-se em lembranças: o restaurante da moda e o blockbuster do dia anterior, a Shadow que lhe rouba o ar, o cinema quase vazio, o estacionamento do shopping deserto, a sensação de ter seu gêmeo perdido ao alcance da mão. Deixa-se envolver pela água, pela toalha, pelo cabelo molhado a grudar no  rosto, o refrão da música colando às lembranças recentes, enfia-se num robe enxuto e completa a taça de vinho. Os pés no chão gelado, a refeição esperando na bancada, a voz conhecida do outro lado da linha, no celular que não parava de chamar: ele precisa saber se está tudo bem. Ela sorri, fala do seu dia e faz alguma pergunta, só pra constar. Já não parece tão só. A voz faz com que seu peito seja invadido pelo calor que faltava. Está completa. A fome aumenta, "boa noite, meu amor!", sorve o vinho e as palavras, se dedica ao jantar. Outra taça, esta colorida e coberta de creme e açúcar, atiça suas vontades e não oferece resistência. A palavra de ordem é prazer. 
Joga a mochila em outro canto da sala, e uma manta sobre o sofá. Desliga as luzes, diminui o volume do som, enrola-se, encolhida, no tecido e descansa a cabeça numa almofada qualquer. Com o pensamento pairando do outro lado da cidade, adormece, enfim...




playlist

Counting Crows
The Killers
Panic! At The Disco
The Strokes




*accidentally*

terça-feira, junho 02, 2009

ANIVERSÁRIO DO IRMÃO/MAIORAMIGO/AMORDAMINHAVIDA!
"... IF YOU SING, SING, SING, SING..."
Travis em Sing














"... colder, crying on your shoulder
hold her, and tell her everythings gonna be fine
surely, you've been going to early
hurry, cause no one's gonna be stopped..."









Na hora de sair, decido que é hora de escrever. Lembro que há muito não visito os escritos dos amigos próximos, e nem os meus. Releguei às palavras o segundo momento, como nunca havia pensado fazer. Pois bem, de volta a elas! Me comprometo a ler, ler e ler até ter atualizado tudo, ter sabido das novidades. Me comprometo a ouvir até ter absorvido tudo o que lhes tem acontecido, só não peçam que eu fale. Esse momento é importante, me falta inspiração para traduzir-me em caracteres, ou fonemas...
Gosto do exercício de lembrar-me dos bons momentos, de transformá-los em palavras bem ordenadas para que fiquem guardados para alguém além de mim (pretensão das pretensões!). Gosto de saber de todos assim, também. Percebi que tudo tem corrido nesse mundo, e por isso estive tão pouco com vocês. Mas outros tem observado meu andar apressado, e gargalhado comigo, quando é pra ser. A graduação, os sábados animados, o cinema, a banda velha com cara de nova (Carlos pode ter desistido da guitarra, mas eu ainda insisto na bateria!), os projetos mirabolantes, o coração vivendo 10 anos a mil, os 30, quase 31, disfarçados de 23... Lembranças...
Lembrar ocupa espaço...





playlist


SoundGarden
Pearl Jam
MudHoney
Blur
Oasis
Travis







*siiiiing*