quarta-feira, junho 03, 2009

"... WELL MAYBE I'M IN LOVE..."
Counting Crows em Accidentally In Love










"... how much longer will it take to cure this
just to cure it cause I can't ignore it if it's love
makes me wanna turn around and face me but I don't know nothing 'bout love..."





O clima de uma cidade que não é a sua domina o ambiente. O caminhar pela rua molhada, depois da chuvinha fina e insistente, é pontuado por seu olhar de admiração: a cidade fica realmente bonita, nesse outono-quase-inverno. As pessoas estão desconfortáveis - cariocas, geralmente, perdem a identidade sem o sol e o calor inclemente do verão dos trópicos. Ela gosta da sensação de ter a pontinha do nariz gelando, de ver as ruas quase desertas e ainda não são nove da noite. 
Seus passos são firmes e não demora cruzar os portões de casa. Odores familiares e o ar morno no interior do apartamento fechado dão as boas vindas, aconchego e uma pequena pontada de solidão. Ela joga a mochila com o notebook sobre o sofá, vai até a cozinha e descarrega o conteúdo das sacolas que trouxe nas mãos: uma garrafa de vinho tinto, queijos, frutas vermelhas, pão italiano e creme de leite fresco. Livra-se das botas e se serve de uma taça da garrafa que acabou de chegar. Os últimos vestígios do quase-inverno deixam seu corpo, ao sabor do pinot-noir. Tempera a cena com Counting Crows no CD player e pimenta branca e queijo ralado no sanduíche.
Ao passo que prepara o banho quente, afoga-se em lembranças: o restaurante da moda e o blockbuster do dia anterior, a Shadow que lhe rouba o ar, o cinema quase vazio, o estacionamento do shopping deserto, a sensação de ter seu gêmeo perdido ao alcance da mão. Deixa-se envolver pela água, pela toalha, pelo cabelo molhado a grudar no  rosto, o refrão da música colando às lembranças recentes, enfia-se num robe enxuto e completa a taça de vinho. Os pés no chão gelado, a refeição esperando na bancada, a voz conhecida do outro lado da linha, no celular que não parava de chamar: ele precisa saber se está tudo bem. Ela sorri, fala do seu dia e faz alguma pergunta, só pra constar. Já não parece tão só. A voz faz com que seu peito seja invadido pelo calor que faltava. Está completa. A fome aumenta, "boa noite, meu amor!", sorve o vinho e as palavras, se dedica ao jantar. Outra taça, esta colorida e coberta de creme e açúcar, atiça suas vontades e não oferece resistência. A palavra de ordem é prazer. 
Joga a mochila em outro canto da sala, e uma manta sobre o sofá. Desliga as luzes, diminui o volume do som, enrola-se, encolhida, no tecido e descansa a cabeça numa almofada qualquer. Com o pensamento pairando do outro lado da cidade, adormece, enfim...




playlist

Counting Crows
The Killers
Panic! At The Disco
The Strokes




*accidentally*

Um comentário:

+ Camila + disse...

Ótima trilha, hein? Strokes e Killers: adoro!!! Já ouviu "Colorblind", do Counting Crows? Aconselho ouvir acompanhada ou de um bom vinho ou de um bom amor de edredon... Ah! se der pra juntar as duas coisas melhor ainda!! rs!! Beijos!