terça-feira, junho 09, 2009

"...QUANDO EU ESTIVER FOGO, SUAVEMENTE SE ENCAIXE..."
Skank em Sutilmente







"...e quando eu estiver triste
simplesmente me abrace
e quando eu estiver louco
subitamente se afaste
e quando eu estiver bobo
sutilmente disfarce..."




São tão afins que transformam qualquer tema em texto leve. Sentadas, entre uma taça de vinho e outra, falavam de feridas, das de cicatrização rápida e quase imperceptíveis e daquelas que deixam marcas do tamanho do mundo, visíveis ou não. Uma compenetrada e sensível, a outra debochada e mordaz, uma transparente, a outra expansiva. Duas mulheres fortes, sem dúvida, mas uma esconde si a força que tem, a outra mostra o que o mundo quer que ela seja. Complementos, variações do mesmo tema, não sei...
Trocam impressões enquanto a noite avança, finalizam a garrafa e pedem o jantar. Riem dos pequenos medos conjuntos - um tipo de senso comum do amor romântico - , se agitam ao lembrar embates passados e dores póstumas. Tão diferentes, uma delas exibe orgulhosamente suas cicatrizes de batalha, experiências que lhe mostraram o que não fazer, fala até do medo de avião - resultado de voltar pra casa e sempre encontrar o aeroporto vazio. A outra se fecha, não se expõe, absorve a narrativa da ruivinha que se mostra do outro lado da mesa, mas não se encoraja: lembrar dói...
Sentidos apurados, outra garrafa, ânimos descontraídos, o restaurante começa a ficar cheio. Mudam de assunto. Com sorrisos cúmplices sinalizam, uma pra outra, que são observadas. Tomam o cuidado de não cruzar olhares com os rapazes na outra mesa e não encorajar uma aproximação desastrosa. A conversa segue seu rumo até que uma presença forte pode ser sentida: ele se aproxima e sorri, cumprimenta a amiga e observa a namorada. Antes de beijá-la reprova a garrafa quase vazia em cima da mesa, sem desconfiar ser a segunda. Fala sobre o dia e os três se divertem com os causos que ele conta. As moças absorvem suas palavras, mas sua menina parece longe, a lhe admirar. A outra entende que a conversa do início da noite está surtindo efeito - vê nos olhos da amiga - e se satisfaz, já que ela não se deixa abater.
Dois cafés, três garrafas de água, sorrisos e despedidas. O rapaz bonito continua intrigado com a expressão da sua menina - ela não mudou em um milímetro o olhar de adoração - e a amiga leu fácil o 'eu te amo' que ela, sem palavras, dizia a ele. Resolveu deixá-los a sós, agradecendo pela capacidade que temos para entender as adversidades. No saldo da noite fica a compreensão, maior que nunca, do significado das cicatrizes e a prova da existência do amor incondicional, já que esse mesmo rapaz bonito e tão amado é a razão daquele medo de avião manifestado pela ruivinha, lá no início.



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The Corrs
Pretenders
Alicia Keys
Joss Stone
Norah Jones
Marienne Faithfull


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